Este
trabalho objetiva refletir sobre a história do banho e a sua importância no
ambiente escolar, sendo uma prática diária do povo amazônico, assim como, no
arquipélago marajoara, e muitas vezes, passa despercebido seu verdadeiro objetivo
como prática educacional, mesmo estando incluído no processo de higiene pessoal
e corporal. Em Curralinho, Sul da Ilha de Marajó, Pará, Brasil, o banho
dar-se-á de várias maneiras, em praias, em igarapés, em rios, em banheiros nas
casas, chuveiros nos quintais, debaixo da chuva, nas biqueiras quando chove ou
mesmo em lava jato e outros. O banho tem sua origem desde a criação do mundo,
desta forma os hebreus foram pioneiros nessa prática, pois na Bíblia Sagrada
encontramos várias referências sobre o banho, mas foi Roma quem criou aquedutos
e termas públicas onde seu povo podia tomar banho e aos poucos foi sendo
divulgado esse habito. Quando os portugueses tomaram posse das terras
brasileiras já encontraram aqui um povo que tinha o costume de tomar banho e
essa prática foi sendo adquirida pelos portugueses colonizadores. Observa-se
que, os hábitos higiênicos, principalmente o banho são pouco citados em salas
de aulas e até de certa forma esquecidos pela maioria dos professores. Mas qual
a importância de se conhecer a história do banho e sua importância no processo
educativo? Essa temática que será motivo de um olhar diferenciado no decorrer
desta pesquisa.
Palavra-chave: História
do Banho. Processo Educativo. Pratica Pedagógica
INTRODUÇAO
No decorrer da História,
o banho nas civilizações mais antigas como os Hebreus, Egípcios, Gregos e
Romanos era ligado com a religião, a medicina, ao prazer, a ostentação de
riquezas, a utilização de essências e óleos aromáticos. Os hebreus usavam o banho obedecendo duas regras, primeiro para efeito de
higiene e segundo como ato religioso, cerimonial.
Para a lavagem do corpo
após o ato sexual (Levítico 15:17); após o sacrifício da novilha queimada (Números
19:7-8-19), assim também se banhavam nos rios, lagos ou poços (2Samuel 11:2), e
poços temos como exemplo os de Siloé (João 9:7) e de Ezequias (Neemias
3:15-16).
A vida de Moisés foi
preservada graças a filha do Faraó ir tomar banho no rio (Êxodo 2:5).
Observa-se que não há muitas menções de banhos com propósitos higiênicos na
Antiga Aliança, mas Gênesis 18:4 e 19:2 nos diz que o banho era um sinal de
hospitalidade para com os recém-chegados e em Rute 3:3, temos a impressão de que
nas palavras de Noemi há uma sugestão de como eram os banhos naquela época
antes de visitar alguém de status superior.
Quanto que os banhos
Cerimoniais e Ritualistas, os judeus tinham hábito de lavar os pés e as mãos
antes das principais refeições, era hábito antigo vinculado as purificações
religiosas, assim também como se banhavam após as lamentações dos mortos
(2Samuel 12:20) e antes dos cultos religiosos (Gênesis 35:2); Êxodo 19:10). Para
os judeus auxiliar outra pessoa ao banho era considerado um ato de humilhação (1Samuel
25:41), assim também como, o banho é um símbolo de purificação como o batismo
nas águas.
No Egito, o banho era
usado para rituais sagrados aos seus deuses e também acreditavam que a água
purificava a alma, eis porque usavam óleos aromáticos e massagens feitas pelos
escravos, os egípcios eram vaidosos e foram inventores dos primeiros cosméticos,
diferentes dos hebreus que usavam o banho como símbolo.
Na Grécia, os banhos foram bastante
prósperos, em muitas casas havia recipientes com água para tomarem banho e
havia outros que colocavam nas encruzilhadas um recipiente de mármore para que
os pobres pudessem tomar banho. Foram os pioneiros em balneários coletivos, e
também os banhos na Grécia eram para a higiene, a espiritualidade e a prática
do esporte na modalidade natação, sendo um dos pilares da educação dos jovens,
para os gregos antigos o bom cidadão eram os que sabiam ler e nadar.
Em Roma, os banhos chegaram com a
fusão da cultura grega (helenismo), e os romanos visitavam as termas com
objetivo religioso, haja vista, que o banho público era um ato de adoração a
Minerva, deusa do comércio, da educação e do vigor, assim também como Fortuna,
deusa do destino era representada nas casas de banho para proteger as pessoas.
Os romanos possuíam fontes e poços
onde todas as classes sociais tomavam banho sem constrangimento e tinham o
hábito de tomar banho nus em público, mas com o surgimento do Cristianismo, que
pregava a castidade e virtude por todo Império Romano, essa prática e outros
costumes foram extintos.
Tanto os gregos quanto os romanos
mantinham o hábito de reunirem-se em locais de banhos públicos para discutirem
e decidirem sobre política e questões sociais. Eis porque as termas se tornaram
símbolos de luxo porque eram pontos de encontros da sociedade romana. E
influenciaram o mundo com seus hábitos e costumes de banharem-se
Na Idade Média, isto é, anos de 400
até 1500, os pobres tomavam banho uma vez por ano e os ricos tomavam banho uma
vez por mês, e as influencias religiosas foram muito influentes, que se pode
dizer que eram exageros fora do comum, porque tudo era pecado, até tomar banho,
porque acreditavam que a água amolecia a alma, dilatando os poros, sendo que
essa crença foi responsável por inúmeras doenças, inclusive a peste negra que
extinguiu populações inteiras.
Em 22 de abril de 1500, os
portugueses sob o comandado de Pedro Álvares Cabral chegaram ao Brasil e não
tomavam banho, começaram a tomar banho por influência dos povos indígenas que
habitavam as terras que foram tomadas em nome do rei do Portugal.
Segundo Athos Moura (2015) no século XVIII, o rei Dom João VI era
contra os banhos, mas ao ser picado por carrapato e o ferimento infeccionou, os
médicos da época recomendaram banhos de mar porque o sal da água ajudava a
cicatrizar os ferimentos.
Os índios, primeiros habitantes da
Brasil transmitiram aos portugueses os hábitos de tomar banho diariamente, se
depilavam, cortavam e lavavam os cabelos usando produtos naturais colhidos na
natureza.
É importante explicar para as
crianças que nos tempos atuais não existe regra de quando se pode tomar banho,
porque depende da cultura familiar, da necessidade, mas as crianças precisam
saber a importância de tomar banho diariamente e sempre que for preciso. Se
observarmos o banho é importante para a,
1.Saúde
Física, sendo que, os banhos diários com sabão, xampu e outros, ajudam a
eliminar os germes do corpo e prevenir doenças, evacuações e outros problemas, em
seguida secar com uma toalha limpa ou mesmo deixar-se secar ao vento.
2.Saúde Mental, tomar banho pela manhã pode ser revigorante e
ajuda o corpo e manter o equilíbrio, assim como o banho a noite pode ser
calmante e contribui para um sono reparador.
3.Saúde Social, os corpos têm cheiros, por isso, é importante
a limpeza do corpo de modo geral, limpando as partes íntimas com cuidado e com
sabão, lavando os cabelos com xampu, etc. A limpeza corporal dá sensação de
bem-estar e seguindo uma rotina de limpeza regular mantém o corpo saudável e
sensação agradável a si aos outros.
Deste
modo, a higiene pessoal, corporal e ambiental é fundamental para a saúde e a
interação com o meio em que se vive, como já relatamos acima, não era assim na
Antiguidade e na Idade Média ou Medieval, o zelo pela higiene surge com o
Renascimento e o Protestantismo, no século XVI em se instalaram grandes
incentivos para a limpeza pessoal e corporal em todas as idades e classes
sociais principalmente nas crianças, tanto na área da saúde quanto da educação,
como enfatiza VIGOTSKY (1991, pág. 101,
(...)
o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são
capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu ambiente
e quando em cooperação com outros indivíduos. Uma vez internalizados, esses
processos tornam-se parte das aquisições do desenvolvimento independente da
criança.”
Percebe-se que desde tempos remotos os incentivos para a higiene pessoal e corporal se dá na interação em que a criança desenvolve sua capacidade cognitiva, não podemos pensar na formação de uma criança sem que ela esteja fazendo parte do contexto social, porque a o desenvolvimento do ser humano é promovido pela convivência, pela socialização com o outro.
O banho atualmente, principalmente
no Brasil faz parte da higiene pessoal e corporal de todo ser humano e deve ser
diário para que o corpo seja limpo de todas impurezas, assim também para
refrescar devido ao calor intenso.
Tomar banho é mania de todo
brasileiro, principalmente da região Amazônica. Quando o portugueses tomaram
posse das terras brasileiras encontraram um povo que tomava banho nos rios e
igarapés com muita intensidade, e esse hábito causou impacto aos portugueses
porque eles não tinham esse hábito, e demorou muito para ser aceito, pois há
relatos de que a Corte Portuguesa resistiram por muito tempo essa prática
natural e cultural dos índios brasileiros, e que os colonos humildes aceitaram
o banho diário com mais facilidade, a priori lavavam somente os pés diariamente
em bacias, com o tempo os rios e igarapés tornou-se um local natural para os
banhos, portanto, no Brasil, o banho é considerado herança cultural dos povos
indígenas.
O banho é de fundamental importância
no processo educativo, e a Escola precisa incentivar a higiene corporal em sala
de aula orientando na hora do banho lavar as partes escondidinhas como, as
partes íntimas, pescoço, a nuca, atrás das orelhas, esfregar bem os joelhos,
cotovelas e pés.
Assim também, realizar reuniões com
os pais e responsáveis por alunos matriculados na escola, orientando sobre a
importância da higiene física, individual, ambiental, mental e social, como
escovar dentes, lavar as mãos antes das refeições e quando se chega da rua,
asseio intimo porque em pleno século XXI ainda nos deparamos com pessoas que
não utilizam o asseio diário, e o suor exala de forma terrível impregnando o
ambiente devido a sudorese ser desagradável, principalmente das axilas. São
casos raros, mas que existem.
Eis porque a Escola necessita
inserir em seu Projeto Político Pedagógico (PPP) importância da higiene pessoal
e corporal destacando sempre que manter os corpos limpos e o ambiente em que se
vive também é importante e indispensável, porque cada parte do corpo humano
possui características diferentes e por isso precisa ser cuidada de maneira
especifica.
Embora estejamos acostumados a ver a
maioria de crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos homens e mulheres
todos arrumados, perfumados, limpos, banhados, a Escola precisa sempre estar
alertando sobre os cuidados que o ser humano precisa ter com o corpo e com o
meio em que vive.
Conscientizar na prática pedagógica
de que o banho é indispensável para eliminar as impurezas da pele
proporcionando bem-estar físico, principalmente usando água com abundancia,
sabão e uma esponja, massagear todo o corpo ajudando a limpeza, remoção das células
mortas, ativando a circulação sanguínea, evitando problemas de pele como a
sarna e micoses.
O banho nas crianças deve ser feito
por um adulto quer no seio familiar ou nos Centros de Educação Infantil e deve
ser feito com calma, porque nos momentos do banho o adulto interage com a
criança e este momento deve ser de conversa, de olho no olho, de brincadeiras
com a água, e para melhor interação, deve utilizar alguns objetos, como tigelas
plásticas e outros e bastante precaução para evitar afogamentos ou
sufocamentos.
A Bíblia Sagrada nos informa que a
Educação começa no seio do lar (Provérbios 22:6) e a prática mostram algumas
situações como já foram citadas no decorrer desta pesquisa a importância da
interação entre as crianças e adultos. Segundo (LOURO (1997, pág. 17),
“(...) a escola reproduz o reflexo das concepções da sociedade sobre gênero e sexualidade, como também produz tais concepções e estas concepções são aprendidas com amor facilidade na Educação, principalmente na Educação Infantil ou Seres Iniciais, fase na qual as crianças se encontram na fase de interação e integração com o mundo”odo, o banho é muito importante para todo ser humano e na escola torna-se necessário maior conscientização desta prática cultural porque é uma prática saudável, evita muitas enfermidades assim também como baixa febre, prática recomendada por médicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa foi um olhar minucioso, importante para
ampliação do meu cabedal de conhecimentos sobre a importância do banho no
processo educativo, conheci sobre a história do banho desde seus primórdios,
assim como os tempos e espaços em que vários povos influenciaram e viveram suas crenças
positivas e negativas de acordo com a sua cultura em relação ao banho e seus
rompimentos estereotipados desde o Renascimento até aos tempos atuais, em que
as escolas começaram a conscientizar e sensibilizar a importância do banho no
dia a dia dos alunos e todos seres humano.
Sabemos que a palavra banho vem do latim balineum ou
balneum, que significa a lavagem do corpo com fins de higiene, e higiene é
saúde, por isso o banho é fundamental pela manhã, antes das refeições e a tarde
ou antes de dormir. Após o banho sente-se uma sensação de bem-estar porque as
células mortas e outros resíduos da superfície de nossa pele foram retiradas
pela água e nos renova dando brilho, frescor e um cheirinho gostoso!
O banho no igarapé ou na praia como acontece nas regiões
ribeirinhas da Ilha de Marajó, Estado do Pará, Brasil, ou nos chuveiros, nas
biqueiras, enfim, o importante é aproveitar seus benefícios e também usufruir
do lazer.
Finalmente quem
não gosta de se livrar daquela sensação horrível de que se está impregnado, ao
final de quaisquer outras atividades físicas ou mesmo mentais e sobretudo
quando os dias estão de intenso calor, mas se fizer frio, torna-se necessário o
asseio geral.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
-BIBLIA
Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e
Atualizada no Brasil. 2 edições. Barueri. SP. Sociedade Bíblica do Brasil.1900.
-Disponível
em: < www.informaticaeinternet.com.br> acessado no dia 19 de setembro de 2022,
às 23:10 horas.
-JOSEFO,
Flávio – Guerras dos Judeus-. Tradução e Adaptação A.C.Godoy. Juruá.
Curitiba.2009
-Disponível em: <http://origin.guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/aguas-tempo-historia-banho-435136.shtml>
acessado no dia 20 de setembro de 2022, ás 21:39 horas
-LOURO, Guacira Lopes. Gênero,
Sexualidade e Educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis. RJ :
Vozes. 1997.
Maria Nunes de Matos
1-Doutora em Teologia em Ed. Cristã 2-Doutoranda em Ciências da
Educação
3-Mestra em Ciências da Educação 4-Esp. Neurociências e Aprendizagem
5-Esp. NeuroPsicopedagogia 6-Esp.
Psicopedagogia Clinica e Institucional
7-Esp. Ciências Políticas 8-Esp.
Educação Especial Inclusiva
9-Esp. Adm. Es. Sup. e Orientação 10-Esp. Educação Infantil
e Anos Iniciais
11-Esp. em Hist. e Cult.
Afro-brasileira 12-Graduada em
História –Licenciatura-
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