domingo, 29 de janeiro de 2023

A Neurociência e a prática pedagógica do Psicopedagogo e Neuropsicopedagogo na inclusão do aluno com Altas Habilidades


 resumo

O objetivo desta pesquisa é compreender como se relaciona “A Neurociência na prática pedagógica do Psicopedagogo e Neuropsicopedagogo na inclusão do aluno com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), e possíveis estratégias a serem usadas no Atendimento Educacional Especializado (AEE) para o enriquecimento curricular na sala comum, de acordo com as Competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), na Educação Especial Inclusiva. A metodologia utilizada é baseada em pesquisa bibliográfica em análise minuciosa de estudiosos que trataram do assunto e artigos científicos publicados por meio eletrônico somando com minha prática pedagógica. O Documento de Salamanca (1994) foi o marco da Educação Inclusiva objetivando a “Educação para Todos”, abrindo espaços para Pesquisas, Ensino Superior e Formação Continuada sobre alunos com deficiência e com outras necessidades educacionais especiais e assim incluídos nas escolas públicas. A inclusão de alunos com Altas Habilidades/Superdotados (AH/SD) torna-se necessário um olhar mais atencioso do Atendimento Educacional Especializado (AEE), composto por Especialistas na área de Educação Especial Inclusiva e outros especialistas, incluindo a Equipe Pedagógica e Gestora, principalmente no que diz respeito ao processo de ensino e aprendizagem e ética profissional. Mas quem é o aluno com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD)? E o que caracteriza este aluno? De que forma a Neurociência pode contribuir na prática pedagógica do Psicopedagogo e Neuropsicopedagogo na inclusão deste aluno? Esta é a problemática que iremos investigar para compreensão deste trabalho.

Palavra-chave: Neurociência. Psicopedagogia. Neuropsicopedagogia. AH/SD

INTRODUÇÃO

            A Neurociência estuda o cérebro,  para Vygotsky a estrutura básica do cérebro humano é mutável, e funciona como uma espécie de hardware cerebral em que a plasticidade  pode fazer “instalações” de novos softwares resultantes de estímulos externos que ocasiona o desenvolvimento cognitivo da aprendizagem e a Teoria de Vygotsky somente foi aceita com o surgimento da Neurociência que veio ampliar os estudos da Psicopedagogia e Neuropsicopedagogia e outras ciências e assim melhorar o processo de ensino e aprendizagem humana.

São inúmeros os estudiosos sobre a Neurociência que defendem a ideia de que a aprendizagem está relacionada com a forma como o cérebro humano funciona, sobre isso, Tabaquim (2003) diz que,

“O cérebro é um órgão privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e funcionamento é fundamental na compreensão das relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. (...) O cérebro é o sistema integrador, coordenador e regulador entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a aprendizagem”

De acordo com a frase de Stanley B. Prusiner, Prêmio Nobel de Medicina, 1977, “a Neurociência é de longe o ramo mais empolgante da ciência porque o cérebro é o objeto mais fascinante do universo. Cada cérebro humano é diferente – o cérebro torna cada ser humano único e define quem ele ou ela é”. Desta forma, entende-se que o cérebro é responsável por coordenar todas as atividades do nosso corpo e pelo funcionamento tanto nas atividades voluntárias quanto nas involuntárias,

A Psicopedagogia tem sua base no psicológico da/para a aprendizagem, quanto que a Neuropsicopedagogia se embasa nas questões neurológicas do ensino e aprendizagem do indivíduo e ambas as ciências estão centradas na Neurociência por ser a ciência que estuda o cérebro e como ele sustenta as atividades mentais que estão vinculadas ao desenvolvimento cognitivo, ajudando a entender como acontecem os processos de pensamento, percepção que temos a respeito de mundo, aprendizagens, memória, mente e comportamento humano.

O cérebro é também estudado pela Psicopedagogia, pois a palavra psico é de origem grega que significa “alma ou mente”. Segundo Bossa (2000), o objeto de estudo da Psicopedagogia é a aprendizagem humana, como se dá o aprender, suas variações e os fatores implicados e como ocorrem as alterações na aprendizagem e como preveni-las ou trata-las. E o Código de Ética da Psicopedagogia, nos faz compreender o,

Artigo 1º -A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos.

Parágrafo 1º A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento, relacionada com a aprendizagem e as suas dificuldades.

Parágrafo 2 A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável entre o institucional e o clínico.

Segundo Raquel Araújo (2010), a Neuropsicopedagogia surge com a junção da Neurociências, da Psicologia e da Pedagogia, portanto, é uma nova ciência transdisciplinar, focada sobretudo nos processos de ensino e aprendizagem, que se compõe na avaliação de alunos em defasagem, que se desenvolvem fora dos contextos históricos, educacionais, culturais, sociais e econômicos. Desta forma, melhor orienta a Resolução SBNPp/ nº 04 de 04 de maio de 2021 que altera a Resolução 03/2014 “Dispõe sobre o Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia e suas alterações, em seu,

Artigo 10. “A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional.”

            A Neurociência na atuação do Psicopedagogo e do Neuropsicopedagogo na Educação Especial Inclusiva se embasa na Política Nacional de Educação Especial (1994) que define competências para atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com Altas Habilidades/Superdotados, e oferece subsídios para sua prática pedagógica, como: Capacidades e Talentos: conhecendo a superdotação; Escola Inclusiva; Adequações Curriculares; Metodologias e Estrategeias de atendimento pedagógico na área da superdotação.

            Assim sendo, GIFTED (2012) diz que o aluno com Altas Habilidades/Superdotados (AH/SD) requer propostas educacionais diferenciadas, com adaptação e enriquecimento curricular, oficinas para desenvolver habilidades, treinamentos, pesquisas e participação em Sala de Recursos Multifuncionais, isto é, equipada com recursos tecnológicos que dão suporte a estruturação e à oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que proporciona o complemento ao aluno com Deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento, Altas Habilidades/Superdotação que está matriculado no ensino regular, de modo a garantir as condições de acesso, participação e aprendizagem necessário para seu desenvolvimento.

DESENVOLVIMENTO

Nos últimos anos a Neurociência auxilia nas bases teóricas e práticas tanto da Psicopedagogia quanto da Neuropsicopedagogia pelo fato desta ciência contribuir para a compreensão da relação entre o cérebro e a aprendizagem e o comportamento humano; o funcionamento do cérebro e a plasticidade cerebral; os elementos que fundamenta o processo de desenvolvimento da aprendizagem; os neurotransmissores, neuromoduladores e a neurofisiologia, auxilia na compreensão do processo ensino e aprendizagem

Concordo com GIFTED (2012), diz que um dos maiores desafios da Escola atual é quebrar os paradigmas tradicional da forma triangular da Equipe Pedagógica e assim, incluir o Neurocientista e Aprendizagem ou Neurocientista e Educação, o Psicopedagogo, o Neuropsicopedagogo e o Psicanalista na Equipe Multidisciplinar, são profissionais especializados e de relevância na contribuição do processo ensino e aprendizagem junto com os demais profissionais.

            A prática na docência nos ensina que o aluno não deve ser tratado de maneira igual para igual, percebe-se que no tratamento das diferenças que se direciona melhor o processo do ensino e aprendizagem e oferece qualidade na aplicação do método, isto não quer dizer que haja preferência ou privilégio utilizando esforços ao qualificar o trabalho pedagógico e desse modo a melhoria do ensino e aprendizagem.

A importância de saber que todos possuem diferenças essenciais contribui para a condução de forma eficiente, demonstra competência e habilidades principalmente no que diz respeito com os alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), devido ao fato ser abstrato e a responsabilidade do professor é bastante criteriosa a proporção do foco do diagnóstico e avaliação deste aluno.  A Lei Diretrizes de Bases – LDB 9394/96- em seu,

Artigo 59-“Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e Altas Habilidades ou Superdotação:  (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013).

 A Resolução nº 02/2001, que instituiu as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica em seu,

Artigo 5: “Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: III- Altas Habilidades/Superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.

            A criação do cadastro prevista na Lei 13.234, de 29 de dezembro de 2015, que altera o Artigo 59-A, Parágrafo Único da Lei nº 9.394/96, sancionada pela Presidenta Dilma Roussef, diz: “para dispor sobre a identificação, o cadastramento e o atendimento, na educação básica e na educação superior, de alunos com Altas Habilidades ou Superdotação”, segundo o MEC, objetiva fazer com que as políticas públicas chequem a esses alunos. O Censo Escolar de 2016 registrou 15.995 estudantes com Altas Habilidades/Superdotação em todo país.

            De acordo com o Site do Ministério de Educação - MEC – A construção de Práticas Educacionais para alunos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) é um tema de grande relevância que a Secretária de Educação Especial (SEESP) que convidou especialistas para elaborar um conjunto de quatro (4) volumes de Livros Didático-Pedagógicos onde contém informações que auxiliam as práticas de atendimento ao aluno, assim como orientações para o professor e para a Família. Esses materiais estão disponíveis no site da SEE-MEC, em PDF e que de são grandes relevâncias para enriquecimento da prática pedagógica, da ética.

            Segundo a Política Nacional de Educação Especial Inclusiva de AH/SD alunos com Altas Habilidades/Superdotação demonstram potencial elevado em quaisquer áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2007).

            Para a Neurociência o cérebro da criança com AH/SD tem suas vantagens, mas também tem suas limitações, pois as informações são processadas de maneiras rápidas em que a tomada de decisões é muito desenvolvida e o senso crítico aprimorado, no entanto, nem sempre essa criança consegue alcançar seu potencial e nem desenvolver uma mente capaz de governar de forma hábil suas capacidades, assim como seu mundo de emoções que surge em decorrência disso.

É preciso entender que toda criança AH/SD tem dificuldades normais como toda criança da sua idade, somadas, á claro, ás que derivam de seu alto coeficiente intelectual, e seu cérebro de desenvolve de modo diferente das crianças com nível de inteligência média ou normal, daí a importância da relação mais dialogal entre a escola e a família e a contribuição do Psicopedagogo e Neuropsicopedagogo.

Na maioria dos casos as famílias de crianças superdotadas geralmente interagem com seus filhos em casa, perguntando e respondendo questões, discutindo e se engajando em atividades de leitura e conversas frequentes e a escola através do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e seus profissionais precisa apoiar e orientar as famílias para melhor entendimento e desenvolvimento de suas habilidades e habilidades.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No final desta pesquisa chega-se à conclusão que a Neurociência contribui de forma significativa na prática pedagógica do Especialista em Psicopedagogia e Especialista em Neuropsicopedagogia com alunos de Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) na Educação Especial Inclusiva,  e assim,  as atividades pedagógicas se realize de forma harmoniosa com as Competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sendo necessário que o aluno passe pelo processo de inclusão e pelas avaliações necessárias para entender as necessidades, potencialidades do aluno e oportunidades de desenvolvimento. Conforme a LDB 9.394/96, em seu Artigo 59,

Art. 59.  Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)

I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;

II – Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; (BRASIL, 1996, p.40)

            Segundo Tatiana Castro (2019), a Psicopedagogia é a ligação com a psicanalise, psicologia e antropologia e seu foco são os processos de aprendizagem do sujeito (clinica) e de um grupo (institucional), enquanto que a Neuropsicopedagogia investiga os processos de aprendizagem integrando os estudos de Neurociência com a Psicopedagogia buscando investigar e intervir nas dificuldades da aprendizagem sendo coadjuvante desses conhecimentos, pois o cérebro das crianças com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) a informação se processa de maneira muito rápida, mas com algumas limitações, são mais ativos e mais eficientes em nível neuronal.

            Portanto, segundo Alcântara (2000) o aluno AH/SD tem direito á diferenciação do ensino (deve ocorrer por meio da suplementação e do enriquecimento curricular), deve ocorrer na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) ou em sala de aula normal e aceleração, de forma que a ética profissional seja respeitada e assim contribuir para melhor desempenho do professor ou professores da sala regular.

Segundo Beauclair (2014) o termo Neurocpsicopedagogia é “um novo campo de especialização profissional, de pesquisa, de ação e intervenção, baseados nos avanços das Neurociências e suas aplicabilidades no campo da Educação e Psicopedagogia”, incluindo a Neuropsicopedagogia (grifo meu).

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

-MATOS (2020) Maria Nancy Nunes de, -A importância da Neuropsicopedagogia no dia a dia dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Uniasselvi Pós Graduação -. 2020.

-MORAES, Alberto Parahyba Quartim de, - O Livro do Cérebro -Vol. São Paulo. SP.  Editora Duetto. 2009.

-ABAHSD. -Associação Brasileira para Altas Habilidades/Superdotados

ABAHSD. Associação Brasileira para Altas Habilidades/ Superdotados. Disponível em < http://www.altashabilidades.com.br >

-CLEMENTE ND, Lovat T, -Neurociencia e educação: questões e desafios para o currículo. Currículo Ing. 2012. {Google Acadêmico}

-GIFTED, Álaze Gabriel, - Genialidade e Superdotação. 2012. Tema: Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) Neuropsicopedagogia. Neuropsicologia. Educação Especial. (Blog). Disponivel em <  http://genialidadeesuperdotação.blogspot.com >

-VIRGOLIM, Angela M. R. - Altas habilidade/superdotação: encorajando potenciais. Brasília. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. 2007

-BEAUCLAIR, J. Neuropsicopedagogia: inserções no presente, utopias e desejos futuros. Rio de Janeiro. Editora:  Essence All. 2014.

-PISKE, Fernanda Hellen Ribeiro. Alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD): como identificá-los? In: PISKE, Fernanda Hellen Ribeiro et al. (Org.). Altas habilidades/superdotação (AH/SD) e criatividade: identificação e atendimento. Curitiba: Juruá. 2016.

-VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

-Disponivel em < http://pt.wikipedia.org/wiki/Stanley_B._Prusiner >

-ALVES, Rauni Jandé Roama; NAKANO, Tatiana de Cássia. Criatividade em indivíduos com transtornos e dificuldades de aprendizagem: revisão de pesquisas. Psicologia Escolar e Educacional. Maringá. v. 19, n. 1.

-VYGOTSKY, L.S, LURIA, A.R., A, N. LEONTIEV. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Tradução Maria da Penha Villalobos. São Paulo: Icone, 2006.

- ALCANTARA, Brenda Derbli. Inclusão de alunos com Altas Habilidades/ Superdotação na Educação Infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 2020. ISSN: 2448- Disponvel em <  https://www.nucleodoconhecimento.com.br 

Maria Nancy Nunes de Matos

1-Doutora em Teologia em Educação Cristã    2-Doutoranda em Ciências da Educação

3-Mestra em Ciências da Educação                   4-Esp.  Neurociências e Aprendizagem

5-Esp. NeuroPsicopedagogia                               6-Esp. Psicopedagogia Clinica e Institucional

7-Esp. Ciências Políticas                                      8-Esp. Educação Especial Inclusiva

9-Esp. Adm. Es. Sup. e Orientação                      10-Esp. Educação Infantil e Anos Iniciais

11-Esp. em História e Cult. Afro-brasileira        12-Graduada em História –Licenciatura- 

 

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